terça-feira, 17 de julho de 2012

Comprei um novo casaco de couro. Ele me protege do frio de fora, e mantém o calor de dentro. Tudo o que eu precisava era de um casaco de couro.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

"Às vezes uma agitação febril se acumulava em seu íntimo e o levava a perambular de noite sozinho pela avenida silenciosa. A paz dos jardins e as luzes generosas nas janelas derramavam uma força amena sobre seu coração inquieto. A algazarra das crianças brincando o aborrecia e suas vozes tolas faziam-no sentir, ainda mais intensamente do que sentira em Clongowes, que era diferente dos outros. Não queria brincar. Queria encontrar no mundo real a imagem quimérica que sua alma contemplava tão constantemente. Não sabia onde ou como a procurar; mas uma premonição que o fazia prosseguir dizia-lhe que esta imagem iria encontrá-lo, sem nenhum ato premeditado de sua parte. Eles se encontrariam tranquilamente como se tivessem se conhecido e tivessem marcado um encontro, talvez em um dos portões ou em algum lugar mais secreto. Estariam sozinhos, cercados pela escuridão e pelo silêncio: e naquele momento de suprema ternura ele ficaria transfigurado. Ele se diluiria em algo impalpável sob os olhos dela e então num instante estaria transfigurado. Fraqueza e timidez e inexperiência o abandonariam naquele momento mágico."

James Joyce, "Um retrato do artista quando jovem" Tradução de Bernardina da Silva Pinheiro

terça-feira, 10 de julho de 2012

Fizeste que eu confessasse os pavores que tenho. Mas vou te dizer também o que não me apavora. Não tenho medo de estar sozinho, de ser desdenhado por quem quer que seja, nem de deixar seja lá o que for que eu tenha que deixar. E não tenho medo, tampouco, de cometer um erro, um erro que dure toda a vida e talvez tanto quanto a própria eternidade mesma. James Joyce
Eu irei lhe dizer o que eu irei fazer e o que eu não irei fazer. Eu não servirei aqueles no qual não acredito mais, mesmo que se entitulem minha casa, minha cidade natal ou minha igreja; e eu tentarei me expressar [viver] de uma forma mais livre e completa possível [através da arte], usando em minha defesa as únicas armas que eu me permito usar - silêncio, exílio e habilidade. James Joyce